QUE IGREJA É VOCÊ? Rainha, concubina, virgem ou pomba?

IGREJAS RAINHA, CONCUBINA, VIRGEM OU POMBA?

"Sessenta são as rainhas, e oitenta, as concubinas, e as virgens, sem número. Mas uma é a minha pomba, a minha imaculada, a única de sua mãe e a mais querida daquela que a deu à luz; vendo-a, as filhas lhe chamarão bem-aventurada, as rainhas e as concubinas a louvarão." Cantares de Salomão 6: 8-9

Sabemos perfeitamente que, do ponto de vista literal, o livro de Cantares de Salomão, ou Cântico dos Cânticos, trata-se do maior cântico nupcial já escrito, o qual ressalta a origem divina da alegria e dignidade do amor humano no casamento. No entanto, muitos intérpretes do passado, abordam este livro primordialmente como uma alegoria profética do amor entre Deus e Israel, ou entre Cristo e sua noiva. Por outro lado, vários trechos básicos do NT, descrevem o amor de Cristo à Igreja, sob a figura do relacionamento marital. (2 Co 11.2; Ef 5.22, 23; Ap 19.7-9; 21.1,2,9).

Partindo dessa premissa, podemos considerar o livro de Cantares de Salomão uma ilustração simbólica da qualidade do amor existente em Cristo e a sua noiva, a Igreja.

Diante do exposto, quero aqui fazer uma analogia da situação, comparativamente entre a Igreja e Jesus Cristo.

Vejamos que Salomão fala aqui de várias mulheres, todas debaixo da sua autoridade real, e possivelmente todas vivendo dentro dos arraiais da coroa real, porém, o que quero aqui distinguir, é que tipo de relacionamento existia entre ele e essas mulheres.

SESSENTA RAINHAS

O Dicionário Aurélio, define rainha como:
1.A esposa (ou a viúva) do rei, 2.Soberana que rege ou governa um reino, 3.A principal, a primeira, entre outras, 4.Mulher que detém poder absoluto.

Por certo as rainhas citadas, tinham a titularidade. Quem sabe, esses casamentos foram frutos de acordos diplomáticos com outros reis que deram suas filhas para tal. Por certo o ponto alto dessas relações, era a liberdade de mercado entre seus povos e Israel, o livre trânsito internacional dos seus súditos, ou seja, os interesses, além do status, do glamour e do poder.

O que chamaria a atenção nessas rainhas é que, a não ser o conforto que essa vida lhes proporcionava e também aos seus, onde estava a intimidade conjugal do casamento? Não dá para entender um homem dividindo seu amor e intimidade de casamento com sessenta mulheres.

Porventura não seria o caso de igrejas-rainhas, ou mesmo crentes-rainhas nos dias de hoje? Gente preocupada apenas com seus próprios interesses, conformadas com o status, glamour e poder lhes conferido pelo Evangelho? Onde está a comunhão com o noivo, a singeleza e singularidade do amor genuíno. Gente que já foi tão longe, que não tem como voltar atrás. Nada mais vai lhes dar tal poder, status e glamour, a não ser continuar "empurrar com a barriga" a situação, mesmo sem qualquer intimidade, comunhão, ou qualquer grau de espiritualidade.

Um grupo de "alto risco" de se enrascar nessa miserável situação são, tanto os líderes e administradores que não vigiam, como também os modernos "pop stars" do evangelho, sejam eles os envolvidos com a pregação, com a chamada “música gospel”, e todos aqueles que vivem em torno desse "show bisness cristão".

Além disso, se faz necessário relatar que nos dias de hoje, é socialmente "chique" dizer "sou evangélico". Nunca vimos tantos artistas, esportistas e outros mais assim serem denominados. As Igrejas de conveniência crescem a cada dia. O importante é se dizer "evangélico", ainda que para isso cada um crie a sua própria Igreja, e essa os aceite do jeito que são, e em nada os contrarie. Nesse caso, o conforto que o evangelho lhes proporciona é total.

Literalmente rainha gosta de conforto, status e glamour, e daí o próximo passo é agirem como a Igreja que estava em Laudicéia:

"Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." Apocalipse 3.17.

É uma situação que cumula acomodação material e social, porém, com desgraça na alma. Como Deus não deixa ninguém de lado, ainda dá o grande conselho:

"Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas; Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te."

OITENTA CONCUBINAS

O Dicionário Aurélio define concubina como:
"Mulher que vive com homem com quem não é legalmente casada."

Imaginemos uma mulher, vivendo como concubina, no meio de outras oitenta, e ainda mais à disposição de um homem que já tinha sessenta rainhas?

Essas mulheres, por certo se sujeitavam a essa situação, única exclusivamente pelo sustento necessário que lhes era concedido, e isso por estarem à disposição do rei para uma sazonal aventura amorosa. Pessoalmente, entendo que eram mulheres praticamente sem marido, sem qualquer comunhão conjugal com o rei, a não ser em meros e pouquíssimos encontros casuais. O sustento e a estabilidade procedentes dessa situação eram a sua principal motivação para tanto.

Hoje, infelizmente há muitos que se dizem cristãos, apenas por aquilo que o evangelho lhes pode proporcionar, ainda que seja o mínimo, enfim o suficiente para o seu sustento. Comida, casa, carro, milagres e bênçãos mil aqui mesmo na terra. Ainda que os profetas de plantão não consigam cumprir a promessa feita, só os sonhos já são o alento. Nunca vimos tantas músicas e pregações de sonhos. Sonhos dos crentes, sonhos de Deus e por aí afora. Não fosse essa a proposta que muitas igrejas fazem, seus templos estariam completamente vazios.

Perdoem-me, mas não encontro outra palavra senão esta. Agem como as concubinas de Salomão, gente que flerta com Jesus, mas não tem comunhão, intimidade, muito menos querem qualquer compromisso com ele. Para essas pessoas, tudo o que Deus pode fazer por elas, deve ser aqui mesmo na terra, caso contrário o evangelho não lhes interessaria em nada. São como aqueles que acompanhavam o Mestre durante seu ministério terreno, por causa da comida e da bebida.

Jesus respondeu-lhes, e disse:

"Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou." João 6. 26-27.

VIRGENS SEM NÚMERO

O Dicionário Aurélio define virgem como:
"Mulher (especialmente mulher jovem) que nunca teve relações sexuais, através da vagina, com homem; donzela. 2.P. ext. Mulher solteira; moça."

As virgens, numericamente incontáveis à disposição de Salomão, eram na verdade escravas à seu serviço, porém conjugalmente viviam à distância, não tinham qualquer intimidade ou relação afetiva com o Rei. Sua relação com o monarca era apenas trabalhista.

Com o crescimento da Igreja, em quantidade e visibilidade, existe um sem número de pessoas que participam do reino, porém com uma relação estritamente trabalhista. Além da própria Igreja como personalidade jurídica, vejamos que é grande o número de empresas, sejam editoras, gravadores, distribuidoras, reprodutores, empresas de comunicação, músicos, maestros, técnicos de som e imagem, seguranças, fabricantes e vendedores de brindes e quinquilharias evangélicas e outros mais que agora não me lembro.

Gente que tem uma relação exclusivamente trabalhista com o reino, mas não gozam da menor intimidade com o dono da obra, ou seja, com o Rei Jesus. Esse povo é o mais difícil de lidar. Nos grandes eventos, são os que chegam primeiro e saem por último. Jesus pode salvar e batizar, curar e libertar e eles não estão nem aí, e se vacilar, ainda arrumam encrenca se as coisas não acontecerem do jeito que imaginavam.

Vivem daquilo que o evangelho lhes proporciona, como se fosse uma empresa qualquer, porém, não possuem qualquer vínculo afetivo ou espiritual. Trabalham por aquilo que ganham e nada mais. Ainda que com o nome de "evangélicos", são como aqueles trabalhadores tipo "free lance", são como os fiscais e os vendilhões do templo no tempo de Jesus.

Não possuem qualquer comunhão nem compromisso com as questões de caráter espiritual.

Não quero aqui ser radical, pois sei perfeitamente tem gente séria e comprometida com Deus atuando nessas áreas, mas infelizmente não é a maioria.

No caso acima citado vejamos qual foi a voz do Mestre:

"E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração, mas vós a tendes convertido em covil de ladrões." Mateus 21: 13

Jesus foi duro, não pelo serviço que prestavam, mas pela motivação imprópria que tinham, além de roubarem do povo de Deus.

UMA É A MINHA POMBA

Segundo a Wikipédia enciclopédia:

Os pombos e pombas são considerados como símbolos de paz e harmonia, numa tradição que, supostamente, tem as suas origens na história bíblica da Arca de Noé. Segundo o Antigo Testamento, depois do dilúvio, Noé soltou uma pomba que regressou com um ramo de oliveira no bico, que mostrava que a água estava regredindo e que tinham sido feitas as pazes com Deus. Na iconografia cristã, são também uma metáfora do Espírito Santo, que apareceu sob a forma de pomba no batismo de Jesus Cristo. Antes mesmo da existência da bíblia, os pombos já eram usados pelas religiôes primitivas com símbolos e propósitos diferentes.

Salomão quando falava da pomba, dizia com satisfação "a minha pomba".

Vejamos que disse a respeito das outras mulheres:

"Sessenta são as rainhas, oitenta são as concubinas e sem número as virgens."

Mas quando fala de uma mulher em especial, a qualifica simbolicamente como:

"a minha pomba".

No verso 13 do capítulo 6, Salomão identifica o nome da sua favorita como SULAMITA que quer dizer: "QUE POSSUI A PERFEIÇÃO".

Salomão a qualifica como uma mulher especial, amada, perfeita, não apenas mais uma no meio das demais.

Entendemos perfeitamente que, no meio de toda essa babel, dessa confusão que temos até dificuldades para distinguir quem é quem, o Senhor Jesus sabe exatamente quem é a sua eleita, a Igreja verdadeira, santa, imaculada, composta por "um povo especial, zeloso e de boas obras", conforme Paulo fala a Tito 2: 14.

Assim como a pomba, a Igreja de Cristo é limpa, não suja suas vestes; é inocente e pura, e tem o Espírito Santo.

Ama porque primeiro foi amada, não há interesses escusos nessa relação. Tudo o que se passa aqui é passageiro e circunstancial. O que mais interessa é o casamento,

Um povo que não segue a Cristo por causa da comida nem da bebida, ou por outros favores mais que Ele realmente possa fazer, nem mesmo por medo do inferno, mas segue-o por tudo o que Ele é, pelo seu sacrifício vicário na cruz do calvário, pela salvação da sua alma, porque o ama, pela vida eterna, e pelo prazer de um dia viver eternamente com Ele na glória.

"Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou." Ap 19: 7

"Veio a mim um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro." Ap 21: 9

O que realmente representamos nessa analogia?

As rainhas, as concubinas, as virgens ou a pomba?

Recapitulando, todas as mulheres estavam e participavam do mesmo reino, mas apenas uma era a pomba, a amada, a verdadeira esposa.

Que Deus tenha misericórdia de nós!

Soli Deo Glória

Com temor e tremor!

Vosso conservo em Cristo,

Pr. Carlos Roberto Silva