LIBERDADE DO PODER DO PECADO
Este capítulo é o último da parte de
santificação (cap. 6-8), e aqui encontramos a resposta das perguntas sobre a
lei e a carne. O ensino aqui é do Espírito Santo, porque é pelo Espírito que
vencemos a carne e vivemos uma vida cristã agradável a Deus.
No final do capítulo 7, Paulo disse que
Jesus Cristo é a resposta à necessidade mais urgente do homem: a libertação da
morte espiritual (7:24-25). O capítulo 8 afirma que Deus (Pai, Filho e Espírito
Santo) trabalha para a salvação dos fiéis. É um capítulo que consola todos que
lutam contra o pecado no serviço ao Senhor.
Paulo começa a mostrar como escapar do
problema do pecado. Ele diz que o cristão não está casado com a Lei. Como uma
pessoa que morreu e, por isto está livre do compromisso com o seu cônjuge. No
que diz respeito à lei, ele morreu, e agora é um com Cristo. E ele reforça o
que já tinha mostrado em Rom. 6:4 –
"Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como
Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós
também em novidade de vida."
Para deixar mais claro a maneira
correta de obter a paz e a certeza da salvação, Paulo mostra primeiro a maneira
errada em Romanos 7. Este capítulo é conhecido como o capítulo do
"eu".
Este é um dos capítulos de maior complexidade para se
interpretar de toda a bíblia. Ao longo dos séculos o capítulo sete da carta aos
Romanos tem desafiado inúmeros teólogos e estudiosos quanto à sua real
interpretação.
Uma correta interpretação deste capítulo é essencial à
compreensão de toda carta, e, para interpretá-lo, precisaremos de todos os elementos
que foram realçados através das análises feitas nos capítulos anteriores.
“NÃO sabeis vós,
irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem
por todo o tempo que vive? Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto
ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do
marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro
marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se
for de outro marido”. ( Rm 7:1 - 3).
Após demonstrar que todos os cristãos foram batizados em
Cristo, ou seja, tornaram-se participantes da Sua morte, e que, por estarem
mortos, não havia como viverem no pecado, Paulo convoca os seus interlocutores
ao raciocínio.
Se os cristãos em Roma desconheciam que todos que foram
batizados em Cristo (Rm 6:3), destruíram de uma vez por todas o corpo do
pecado (Rm 6:6), e que não mais serviam ao pecado, este ponto em específico
foi esclarecido no capítulo seis. Porém, caso alguém permanecesse agarrado à
ignorância, Paulo propõe os mesmos argumentos aos seus leitores, só que agora,
através de figuras.
Tendo provado que o crente morreu para o pecado (capítulo
6), Paulo agora vai explicar a forma pela qual o crente se torna morto para a
lei. É compreensível a necessidade de sermos libertos do pecado, contudo, por
que é que Paulo estava tão preocupado com que nos libertássemos da lei? Afinal,
a lei é a lei de Deus! Ela proíbe o pecado e prescreve a justiça. Os homens de
Deus, do povo de Israel, amavam completamente esta lei: “Grande paz tem os que amam a tua lei. Para eles não há tropeço”
(Sl. 119:165); “Quanto amo a tua lei! É
a minha meditação, todo o dia” (Sl. 119:97); “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas de tua
lei” (Sl 119:18); “A lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma”. (Sl.
19:7).
Precisamos entender que na lei de Deus não existe falha
nenhuma. Como o próprio Paulo vai afirmar no verso doze: “a lei é santa; e o mandamento santo, e justo e bom”. O problema
aqui é a ideia equivocada de que o homem é salvo através do cumprimento desta
lei. Por-tanto, o problema está no homem e não na lei do Senhor. O problema é a
interpretação que o homem faz da lei, e não a lei em si. O que precisa ser
mortificado não são as normas do bom viver que a lei prescreve, o que precisa
ser cancelado é a exigência de que se viva segundo os padrões da lei para se
salvar. Não é necessária uma perfeição absoluta para alcançar a salvação, o
cumprimento da lei não é pré-requisito para a salvação.
Esta é a ideia que Paulo está defendendo aqui. Muitas
pessoas às quais esta carta foi endereçada pensavam ser necessário o
cumprimento da lei para a salvação. O jovem rico que se aproximou de Jesus
nutria esta ideia: “Tudo isto tenho
observado desde a minha juventude”. (Lc. 18:21). Ele realmente guardava a
lei desde os seus primeiros dias! O próprio Paulo em Filipenses nos diz que:
“quanto à justiça que há na lei, irrepreensível”. Ou seja, ele buscava com
muito zelo guardar o que a lei prescrevia, contudo, ao encontrar a Cristo, ele
afirmou: “E ser achado nele, não tendo
justiça própria, que procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a
justiça que procede de Deus, baseada na fé”. (Fp. 3:9).
Paulo descobriu que a guarda da lei é incapaz de nos
justificar diante de Deus. Foi por isto que ele afirmou em 6:14: “Não estais debaixo da lei, e, sim, da
graça”. Aqui no capítulo sete, ele vai trabalhar melhor esta ideia de que
não podemos viver como se fosse necessário o cumprimento da lei para sermos
salvos.
A ILUSTRAÇÃO DA
ANALOGIA DO CASAMENTO
Para esclarecer melhor esta questão, Paulo nos conta uma
ilustração (v. 2,3). A ilustração do matrimônio expõe com muita clareza a ideia
de se entrar numa nova relação. A morte do primeiro marido pôs fim ao primeiro
contrato, e a mulher está agora livre. Embora esteja casada com outro homem,
não se pode dizer que ela é adúltera. Ela tem o direito de casar-se novamente,
não há nada de errado nisso. O que ela fez é legal e certo. A lei está sendo
respeitada porque a morte do primeiro marido a liberou.
Paulo utiliza-se desta ilustração para mostrar que passamos
de uma relação espiritual com Deus para outra. No capítulo 6 ele utilizou-se da
ilustração do escravo. Aquela ilustração foi útil para mostrar que fomos
comprados por Jesus. Trocamos de Senhor e não podemos mais servir ao antigo
senhor chamado pecado. Aqui a questão é outra. Não se trata de compra e venda,
a questão aqui é de morte. Somente a morte para a lei pode nos levar a “casar
com Jesus”. É preciso que a primeira relação seja dissolvida para entrarmos na
segunda relação. Assim como a morte desfaz o laço que une marido e mulher, a
morte do crente com Cristo desfaz o laço que o prendia ao jugo da lei.
Segundo o apóstolo, estamos casados com a lei, assim como a
mulher está ligada pelo casa-mento ao seu marido. Não podemos ser libertos da
lei enquanto não morremos para a lei, à semelhança da esposa, que só fica livre
do casamento diante do falecimento de seu esposo. Portanto, na ilustração
(v.2,3), quem morre é o marido e a mulher fica viva. Se o marido é quem morre,
nós deduzimos que quem deveria morrer é a lei e nós permanecermos vivos. Ou
seja, a lei seria o marido e os cristãos a esposa. Até porque o cristão vai
“Pertencer a outro”. Então ele deveria assumir o papel da esposa na ilustração,
a figura daquele que fica vivo.
Contudo, não é isto o que Paulo diz! Ele afirma o seguinte: “Vós morrestes relativamente à lei”. Na
ilustração ele não fala nada sobre a morte da mulher, apenas da morte do
marido! A aplicação não corresponde aos termos da ilustração! O que acontece é
que não devemos esperar no verso 4 (aplicação), algo que corresponda exatamente
à morte do marido na ilustração (v.2,3). O que Paulo quer nos mostrar é que
somente pela morte do marido a mulher está liberta do casamento. Da mesma
forma, somente através de uma morte podemos nos tornar livres da obrigação da
lei. Ou seja, Paulo quer nos mostrar como seremos libertos da lei.
Se dissermos que nessa ilustração o marido indica a lei, e a
mulher indica o crente, chegamos a um beco sem saída. Neste caso a lei teria
que morrer para que o crente pudesse ser livre. Em parte alguma Paulo ensina
que a lei perdeu o vigor, morreu ou desapareceu. Somos nós, e não a lei, que
morremos: “Vós morrestes relativamente à
lei” (v.4); “Libertados da lei,
estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos” (v.7); “Porque eu, mediante a própria lei, morri
para a lei, a fim de viver para Deus”. (Gl. 2:19).
A verdade que Paulo
descobriu
Paulo confessou, “Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo
nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei”
(Romanos 7:7). Ele não conheceria a cobiça se a Lei não dissesse, “Não cobiçarás”.
Paulo explicou a relação entre a Lei e o pecado, dizendo, “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda
sorte de concupiscência”.
Nestes dois versos Paulo vai nos explicar o porque da
necessidade de morrermos para o nosso casamento com a lei e casar-nos com
Cristo. Como vimos anteriormente, (v.2-4), o apóstolo mostrou que aquele que
foi justificado, morreu para as exigências da lei como requisito para a
salvação e casou-se com Cristo. Aqui nos versos cinco e seis, o apóstolo vai
adicionar um problema à tentativa do homem de cumprir a lei. Paulo vai afirmar
que a exigência do cumprimento da lei prejudica o homem ao invés de abençoá-lo.
Enquanto o ensino literal da lei estiver em vigor e dominar
sem qualquer conexão com o Espírito Santo, a concupiscência da carne não será
refreada, pelo contrário, crescerá cada vez mais! Ou seja, se o homem buscar a
santificação tentando cumprir a lei com suas próprias forças, além de não
conseguir abandonar o pecado, ele cairá neste pecado, estimulado pela própria
lei!
“Que diremos, pois? É
a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por
intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera:
não cobiçarás”. (v.7) Depois de enfatizar que a lei
era incapaz de livrar o homem do pecado, que o objetivo da lei é mostrar ao
homem o seu pecado, que precisamos nos livrar da lei para servir a Deus em
novidade de vida, que existem “paixões pecaminosas estimuladas pela lei” (7:5),
e que a graça é muito superior à lei; depois do apóstolo realçar todas estas
verdades, não seria natural as pessoas entenderem que a lei em si mesma é má?
Esta foi a conclusão que os romanos e judeus chegaram diante das palavras de
Paulo. E tem mais um detalhe. Paulo se regozijava no fato de que não estava
mais debaixo da lei, da mesma maneira que se regozijava de que não estava mais
debaixo do pecado. Logo, pecado e lei só podem ser sinônimos! “Não deve existir
nenhuma diferença entre eles”, poderia afirma alguém.
Ao perceber esta conclusão equivocada dos romanos, Paulo usa
sua negativa habitual: “De jeito nenhum!”. O apóstolo mostra aos seus
questionadores que o seu ensinamento é o oposto daquilo que eles estão
sugerindo. Ele demonstra isto através da seguinte afirmação: “Eu não teria conhecido o pecado, senão por
intermédio da lei”.
Para mostrar que a conclusão daquelas pessoas acerca de seus
ensinamentos estava equivocada, Paulo apela para a sua própria experiência. Do
verso sete ao verso treze ele vai fazer dez referências pessoais. Paulo
descreve como a lei levou o conhecimento do pecado ao fundo do seu coração. Ele
percebeu a cobiça no seu coração devido ao mandamento: “não cobiçarás”.
Paulo está dizendo o seguinte: A lei longe de ser pecaminosa,
ela é “santa, justa e boa”. (v.12). O problema está no homem e não na lei! O
pecado encontra-se no desejo corrupto do homem. A lei apenas revela ao homem o
que ele não consegue enxergar. Isto não significa que ela seja má! Não podemos
responsabilizar a lei pelo nosso insucesso em cumpri-la. A lei, longe de ser
pecaminosa, nos leva a conhecer os nossos pecados mais profundos!
A LEI REVELA O PECADO (Rm 7.7-8)
Eu não teria conhecido o pecado (má
concupiscência ou cobiça) se a lei não dissera (7). Se não houvesse lei, não
teríamos consciência da força do pecado, e assim estaríamos desapercebidos de
sua existência.
O pecado, como qualquer estrategista
militar, fez da lei uma espécie de “base de operações”. É este o sentido
literal da palavra grega ‘aphorme’
quando aplicada a operações militares. Significa “ponto de partida” e, assim,
metaforicamente, “ocasião”, “incentivo”, “oportunidade” (cfr. 2Co 11.12; Gl
5.13).
Paulo não poderia dizer que a lei morreu, porque isto nunca
aconteceu! Em vários momentos no Novo Testamento vemos Deus convocando seu povo
a cumprir à Sua lei: “Na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o
seu coração as inscreverei”. (Hb. 8:10). Jesus disse: “Não vim destruir a lei ou os profetas”; “Qualquer que violar um destes
mandamentos, será chamado o menor no reino dos céus; “Aquele, porém, que os
cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”. (Mt. 5:17-19).
A Lei que Deus deu para a humanidade tem a função de revelar
o pecado no coração das pessoas. Ele não nos deu a Lei para que nós pudéssemos
guardá-la e segui-la; pelo contrário, a Lei nos foi dada para revelar os nossos
pecados e, portanto, nos tornar pecadores. Todos nós pereceremos se não formos
até Jesus Cristo e crermos na justiça de Deus que é encontrada no batismo que
Jesus recebeu de João e no sangue que Ele derramou na Cruz. Nós devemos ter em
mente que o papel da Lei é nos trazer até Cristo e nos ajudar a crer na justiça
de Deus através Dele.
É por isso que o Apóstolo Paulo testifica, “Mas o pecado, tomando ocasião pelo
mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei,
está morto o pecado” (Romanos 7:8). Através da Lei de Deus, o Apóstolo
Paulo nos mostrou quais são os fundamentos básicos do pecado. Ele confessou que
no início ele era um pecador, mas que alcançou a vida eterna crendo na justiça
de Deus dada por Jesus Cristo.
Havia originalmente duas leis dadas por Deus: a lei do
pecado e da morte e a do Espírito da vida. A lei do Espírito da vida salvou
Paulo da lei do pecado e da morte. Isso significa que pela crença no batismo de
Jesus e Sua morte na Cruz, que levou todos os seus pecados, ele se uniu com
Jesus e foi salvo de todos os pecados. Nós todos devemos ter a fé que nos uni
com o batismo do Senhor e com a Sua morte na Cruz.
A ANALOGIA DA
SOLIDARIEDADE DA RAÇA, ILUSTRADA EM ADÃO
O pecado é "iniquidade" ou o pecado é a "transgressão da lei"?
Ora, inferimos de Rm 2:12 que é plenamente possível pecar
mesmo sem lei. Bem antes da lei de Moisés a morte reinou sobre todos os homens
( Rm 5:13 ). Desde Adão até Moisés a morte reinou sobre os homens o que
significa que todos pecaram ( Rm 5:14 ). Daí, vale destacar que, o pecado
impera aparte da lei mosaica.
Como? Um homem pecou, todos pecaram (Rm 5:18 ). Ora, se um
só homem pecou e todos pecaram, segue-se que o pecado que subjugou a humanidade
não decorre da desobediência à lei de Moisés, visto que, após a desobediência
de Adão, Deus não instituiu de imediato leis, porém, mesmo assim, todos
morreram, o que demonstra que todos estavam em pecado.
O homem peca porque foi vendido como escravo ao pecado, e
isto através da ofensa de Adão. Jesus é claro ao afirmar: "Respondeu-lhes
Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é
servo do pecado" ( Jo 8:34 ). O homem peca porque é escravo do pecado, e
não porque transgride a lei de Moisés.
O que é pecado?
"Pecado" diz da condição da criatura quando divorciada do
Criador. Quando a criatura se distancia do Criador, a condição "em
pecado" se manifesta. Ou seja, pecado é o mesmo que estar destituído da glória
de Deus (morto para Deus e vivo para o mundo).
Se pecado fosse a transgressão da lei de Moisés (1Jo 3:4 ),
não haveria como o homem ser formado em iniquidade e nem gerado em pecado, pois
como poderia alguém transgredir no ventre materno? ( Sl 51:5 ).
Verifica-se nas Escrituras que um homem transgrediu e que
todos transgrediram. Um pecou e todos veem ao mundo separados de Deus,
destituído da Sua Glória, porque todos pecaram pelo simples fato de serem
descendentes de Adão.
O que toda humanidade passou a compartilhar após a ofensa de
Adão? A mesma condenação! Como o apóstolo Paulo demonstrou que através da lei o
‘eu’ ‘conheceu’.
Se soubéssemos o que temos perdido por causa do pecado,
odiaríamos o pecado como Paulo odiava. "Somos criaturas indiferentes, que
brincam com bebidas, sexo e ambição, enquanto o gozo infinito é nos oferecido;
como uma criança ignorante que deseja continuar brincando na lama de uma
favela, porque não imagina o que significa o oferecimento de um feriado na
praia. Satisfazemo-nos com coisas pequenas demais". (C.S. Lewis)
Paulo ansiava ardentemente pelo dia em que ele ficaria livre
do pecado! Todos aqueles que verdadeiramente amam a Deus, odeiam os seus
pecados! Isto pode ser percebido de forma clara na agonia de Jesus no
Getsêmani. Por que é que Jesus suou sangue, angustiou-se até a morte e sofreu
demasiadamente naquele Jardim? Jesus teve estes sentimentos por dois motivos.
Primeiro. Aquilo que Ele mais odiava (o pecado) tomaria
conta completamente do seu ser. Ele, que era a verdade, iria se tornar o
mentiroso mais inveterado do mundo. Ele, que era demasiadamente puro para olhar
para uma mulher com luxúria, tornar-se-ia o adúltero mais promíscuo da
história. O único homem que sempre amou com altruísmo puro, tornar-se-ia no
vilão mais desprezível do universo de Deus. Na cruz, Jesus transformou-se num
assassino, bisbilhoteiro, difamador, ladrão, tirano.
Além disso, ali na cruz, a comunhão do Filho com o Pai seria
completamente rompida: "Deus meu, Deus meu por que me desamparastes".
Somente aqui, em todo o evangelho, Jesus se dirige ao Pai como “Deus”. Essa
mudança de tratamento significa quebra de comunhão entre o Pai e o Filho.
Naquele momento, o Pai não parecia estar agindo como um Pai. Com o pecado do
mundo esmagando sua alma, Jesus procurou pelo Pai. Aquele com quem Jesus havia
gozado de intimidade eterna e amor indescritível, este não foi encontrado para
confortá-lo! Deus virou sua face de ira em direção ao seu Filho que estava
sangrando e morrendo. O Pai o fez beber do cálice da rejeição até a última
gota. Este sem dúvida foi o maior sofrimento de Cristo.
A razão pela qual Jesus estremeceu ao pensar na crucificação
teve pouco a ver com a tortura física. No final das contas, não era o escárnio
dos homens ou o julgamento de Roma que Jesus temia. O que atribulava a Sua alma
era o pecado e a comunhão com o Pai que seria interrompida.
Quem desfruta de verdadeira comunhão com Deus, odeia o seu
pecado! É por isto que Paulo gritou em agonia: "Miserável homem que
sou". É por isto que Paulo aguardava ansiosamente o dia em que ele ficaria
livre daquele corpo de pecado.
A Malignidade da
carne e a velha natureza
O clímax do capítulo 7 está nos versículos 24 e 25. Paulo
escreveu, “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo,
com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado”.
Em Romano capítulo 6, Paulo falava sobre a fé que nos leva a
sermos enterrados e ressuscitados juntamente com Cristo. Pela nossa união com o
Seu batismo e a Sua morte na Cruz, nós podemos alcançar esta fé.
Paulo percebeu que ele era um homem desventurado, cuja carne
era tão insuficiente que quebrou a Lei de Deus não apenas antes de encontrar a
Jesus, mas também continuou quebrando mesmo após o encontro com Jesus. Ele
lamentava, “Quem me livrará do corpo
desta morte?”. Então concluiu que ele podia ser liberto do corpo desta
morte crendo na justiça de Deus, dizendo: “Graças
a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor”. Paulo estava livre dos pecados da
carne e mente pela crença na justiça de Deus através de Cristo, unindo-se a
Ele.
A confissão final de Paulo foi, “De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de
Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado.” (Romanos 7:25). E no início
do capítulo 8, ele confessou, “Agora,
pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo
Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Romanos 8:1-2).
O TERMO "CARNAL"
O termo “carnal” ou “desejo da carne” é usado nas epístolas
de Paulo para denotar a natureza pecadora de Adão, isto que dizer a natureza
que ele deixou como o resultado da queda. Outro termo que é usado para
descrever essa natureza é “velho homem”. Essa natureza, natureza de Adão, é a
única natureza que alguém tem antes de crer no Senhor Jesus, em Sua
ressurreição e a única natureza que estava disponível na época da lei. Contudo,
hoje em dia devido ao sacrifício de Jesus, quando alguém O confessa como Senhor
e crê em seu coração que Deus o ressuscitou dos mortos (Romanos 10:8-9) ele
nasce de novo e recebe uma nova natureza. Essa nova natureza é chamada nas
epístolas de Paulo de “novo homem” (como oposto de “velho homem”), “espírito”
(como oposto de “carne”) e “espiritual” (como oposto de “carnal”). Os artigos:
“Corpo, alma e espírito” e “Pentecostes e o novo nascimento” discutem isso em
muitos detalhes.
Deus nos comissionou
a vencer a carne; e podemos fazê-lo!
Em Cristo, Deus fez o que a lei não podia fazer (3-4). Jesus
veio na carne para fazer o que a lei não fez por causa da fraqueza da carne.
Deus, através de Jesus, condenou o pecado. Assim ele cumpre o propósito da lei
em nós. A lei era oposta ao pecado (condenou o pecado), mas não venceu o
pecado. As pessoas sujeitas à lei ainda andavam na carne, sujeitas à morte. Em
Jesus, Deus condenou e venceu o pecado. Aqueles que participam dessa vitória
andam segundo o Espírito, não segundo a carne.///
Pr. Dr. Adaylton Conceição de
Almeida (Th.B.;Th.M.;Th.D.;D.Hu.)
Ass. de Deus em Santos (Ministério do Belém) - São Paulo.
(O Pr. Dr. Adaylton de Almeida Conceição, foi Missionário no
Amazonas e por mais de 20 anos exerceu seu ministério na Republica Argentina; é
Licenciado, Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia, Doutor em Psicologia e em
Humanidade, Escritor, Professor Universitário, Pós-graduado em Psicanálise e em
Ciências Políticas, Juiz Arbitral do Tribunal de Justiça Arbitral-RJ, membro da
Academia de Letras Machado de Assis de Brasília e Diretor da Faculdade
Teológica Manancial).
Facebook: adayl manancial
Email: adayl.alm@hotmail.com
BIBLIOGRAFIA
- Adaylton de Almeida Conceição – Introdução à Carta aos Romanos
- Anastasios Kioulachoglou – Miseravel homem que sou
- Jeferson Antonio Quimelli- A Carta de Paulo aos Romanos e a certeza da salvação
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Pastor Carlos Roberto Silva
Point Rhema