EM ENTREVISTA À ISTOE SILAS MALAFAIA FALA SOBRE TEMPLOS DE EDIR MACEDO, VALDEMIRO SANTIAGO E R.R. SOARES
Apontado como o terceiro pastor mais rico do Brasil, líder da
Assembleia de Deus Vitória em Cristo anda de jato executivo, afirma faturar R$
45 milhões por ano com a sua editora e diz que evangélico não é babaca.
por Rodrigo Cardoso
EM FAMÍLIA - Malafaia casou virgem aos 21 anos e, em 2011, fez um preenchimento capilar no lado esquerdo para corrigir uma falha
De Angra dos Reis, local escolhido para curtir 15 dias de férias
em meio a passeios de lancha e banho de mar próximo às ilhas da região, o
carioca Silas Malafaia, 54 anos, pregou a orelha no celular e, por quase duas
horas, abriu o verbo. O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo estava
bravo depois de ser apontado pela revista americana “Forbes” como o terceiro
pastor evangélico mais rico do País, com um patrimônio avaliado em
aproximadamente R$ 300 milhões. Ele pretende acionar judicialmente a publicação
e provar que a sua renda pessoal não chega a 2,5% do valor publicado. Um dos
mais antigos tele-evangelistas do País, Malafaia é um ex-conferencista que se
tornou pastor há apenas dois anos e meio e já administra 120 templos pelo
Brasil. Nascido em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, casado há 32 anos e pai de
três filhos, o sacerdote conta que a maior oferta que um fiel deu em sua igreja
foi de R$ 2 milhões e a sua editora fatura R$ 45 milhões por ano. É dele,
ainda, a voz mais estridente contra o projeto de lei que criminaliza a
homofobia.
Istoé - De onde vem o patrimônio?
Silas Malafaia - Da
renda de venda de livros, de conferências, da minha editora (Editora Central
Gospel), que fatura R$ 45 milhões por ano. Aí, a “Forbes” divulgar que o meu
patrimônio pessoal é de R$ 300 milhões é uma sacanagem para dizer que pastor
apanhou dinheiro dos otários. Que pastor é milionário porque tem um bando de
babaca de quem ele toma dinheiro. Mas eu não vou tolerar isso.
Istoé - O que vai fazer?
Silas Malafaia - Vou ganhar dinheiro dos americanos (da “Forbes”) lá na América,
vou processá-los lá. A “Forbes” cometeu um equívoco grosseiro ao dizer que os
dados são do Ministério Público e da Polícia Federal. Os dois órgãos não têm
autoridade legal para passar dados de ninguém. Tentaram somar a arrecadação da
Associação Vitória em Cristo, que não é minha, da Assembleia de Deus Vitória em
Cristo, que não é minha, e da editora. Mas, se eu juntar os três, a arrecadação
chega à metade do que disseram. Foi uma campanha sacana com subjetividade muito
malandra. Ri quando vi a lista. Porque eu ter mais recursos que o R. R. Soares
(da Igreja Internacional da Graça de Deus) é uma sacanagem com o R. R.
Istoé - O sr. é acusado até por evangélicos de vender
bênçãos.
Silas Malafaia - Quem
pensa assim é um estúpido! Acha que eu sou criança para vender bênçãos, rapaz!
O que eu faço, e é bíblico, é liberar uma palavra profética.
Istoé - Arrecadar oferta por meio de máquina de cartão de
débito e crédito não é comércio?
Silas Malafaia - A
minha igreja tem desembargador, procurador, caras com doutorado. Vai dizer que a
igreja evangélica só tem babaca, analfabeto, operário? Hoje a igreja evangélica
é o extrato da sociedade: tem pobre, classe média e rico. Eu ganhei no meu
aniversário uma Mercedes-Benz blindada de R$ 450 mil de um fiel, empresário
rico, e não de um imbecil. Um dia, entro na minha empresa e está lá o carro com
um laço em cima. Esse cara é um babaca que precisou ir à igreja para ficar
rico? O cara é dono de uma frota de mais de 200 caminhões! É tolice achar que
na minha igreja, onde tem desembargador e procurador, o malandro aqui está
tomando dinheiro dessa turma. Eu dei o carro que eu ganhei para a igreja. Foi
uma oferta para ajudar na construção do templo do Rio de Janeiro, uma sede
provisória na Penha para seis mil pessoas sentadas. E repeti três vezes que não
pedia para fazerem o mesmo.
Istoé - Qual a porcentagem de arrecadação da igreja por
meio de cartões?
Silas Malafaia - 60%
das ofertas na minha igreja vêm de cartões, algo entre R$ 25 milhões a R$ 30
milhões.
Istoé - E, no total, quanto a Vitória em Cristo arrecada de
fiéis por ano?
Silas Malafaia - No
ano passado, uns R$ 50 milhões. O R. R. Soares e o Valdemiro (Santiago, líder
da Igreja Mundial do Poder de Deus) devem arrecadar R$ 600 milhões de oferta e
dízimo. A Universal do Reino de Deus uns R$ 2 bilhões.
Istoé - Qual a maior oferta que já recebeu?
Silas Malafaia - Duas
vezes por ano fazemos campanhas especiais por objetivos específicos. E peço
ofertas assim: “Quem sabe aqui vou ter um irmão que vai dar uma oferta acima de
R$ 100 mil, R$ 10 mil, acima de R$ 1 mil, R$ 500, acima de R$ 100 e R$ 50. No
resto do ano as ofertas são normais. A maior oferta que recebi de um fiel, um
empresário, foi de R$ 2 milhões, em 2011.
Istoé - O sr. dirige o próprio carro, pega fila em banco,
faz compra em supermercado?
Silas Malafaia - Eu
dirijo. Por muito tempo era eu quem fazia compra no mercado. Hoje, não mais.
Não sei o que é pegar uma fila de banco há uns dez anos. E não me faz falta.
Mas tenho pegado fila em aeroporto. Tenho um avião executivo da Associação
(Vitória em Cristo) que coloquei à venda faz seis meses porque é dispendioso
para o que eu faço. É um avião grande (um Gulfstream, modelo G-III, ano 1986),
para 11 pessoas, dá para ficar de pé nele. Paguei R$ 6,6 milhões em 2010 e,
hoje, ele vale R$ 2,6 milhões. Tomei prejuízo. Quero um jato com custos de
manutenção e operacionais mais baixos, para seis, sete passageiros. Avião é uma
ferramenta que utilizo até seis dias por semana.
Istoé - Por que não tem templos fora do Brasil?
Silas Malafaia - Com
o mesmo montante de dinheiro com que inauguro dez igrejas o Valdemiro abre 70.
É o estilo da igreja dele. Essas igrejas, do (Edir) Macedo (da Universal),
Valdemiro e R.R. (Soares) são rotativas. Muita gente as procura para uma
demanda, uma necessidade de momento. Na minha igreja, não. Aqui, o cara é
fincado como um membro. O meu crescimento é mais consistente. Abri uma igreja
em Curitiba para três mil pessoas sentadas. Aluguei a propriedade, mas gastamos
lá R$ 7 milhões. Minhas igrejas são lindas, clean, nada luxuosas, mas
hiperconfortáveis, com cadeiras, som, de primeira linha. Na igreja que estou
fazendo na Penha, no Rio, vamos gastar R$ 12 milhões em obras. Esses caras
abrem um salão e gastam com som, cadeira, uma pinturazinha, um conserto no
banheiro, às vezes um ar-condicionado, uns 300 mil contos, irmão! Meu mundo é
outro, mas chego lá.
Istoé - O sr. já presenciou um beijo de duas pessoas do
mesmo sexo?
Silas Malafaia - Sim,
em shopping. Senti repulsa. Deus fez macho e fêmea. Não conheço ordem cromossômica,
hormônios ou sexo de homossexual. É um comportamento que não aceito e é um
direito meu. E não aceitar não significa que quero destruir aquela pessoa. Na
igreja, homossexualismo é pecado, como adultério e prostituição. Uma pesquisa
americana mostra que 46% dos gays foram abusados ou violentados quando eram
crianças ou adolescentes. Então, como é que o cara nasce gay? Não estou aqui
para proibir ninguém de ser gay. Não quero é que o meu direito de me manifestar
sobre o homossexualismo seja impedido. E o ativismo gay não suporta o
contraditório.
Istoé - Quem o orientou sobre sexo?
Silas Malafaia - A
minha mãe. Meu pai é oficial da reserva, ex-combatente da Marinha, um cara
reservado, sério. E minha mãe, pedagoga, psicóloga. Mas na igreja se aprende
desde cedo sobre esses assuntos. Coisas como “você é homem, tem de se
relacionar com uma menina, mas tem a hora certa, sexo só depois de casar...”
Isso tudo que a “Bíblia” apresenta como regra para o cristão é ensinado desde
cedo. Comecei a namorar a minha atual esposa com 14 anos. Ela tem um ano a
menos. Casei com 21. Ela é minha primeira e única namorada. Eu casei virgem e
ela também. Somos casados há 32 anos. Hoje, porém, chega na igreja garoto e
garota com 16 anos com mais hora de cama do que piloto de Jumbo de voo.
Istoé - Por que a pressão dos evangélicos é tão grande para
que o projeto de lei que trata da questão dos direitos dos homossexuais não
passe no Senado?
Silas Malafaia - Os ativistas gays querem uma lei para calar qualquer um que fale
contra a prática homossexual. Há uma diferença entre condenar uma conduta e
discriminar uma pessoa. Eles é que têm medo da crítica por não ter convicção do
que são. Porque, quando você tem convicção do que é, você discute. No Brasil,
você pode criticar padre, pastor, jornalista, mas se criticar gay é
ho-mo-fó-bi-co! O sindicato gay, que mama na teta e sobrevive de grana de
governo e de estatais, diz ser homofobia quando alguém fala contra eles. Os
evangélicos estão decidindo eleição. O pau está cantando e não vai ter moleza.
Nessa questão de direitos dos homossexuais em que estamos batendo desde 2006,
deputado e senador que votar pela aprovação do projeto vai dançar!
Istoé - Por que os sacerdotes católicos não criticam
abertamente o projeto?
Silas Malafaia - Existem
pedófilos e homossexuais na igreja evangélica? Claro que sim. Mas só por isso
não posso falar sobre pedofilia e homossexualidade? Acho de uma covardia e
omissão uma instituição tão poderosa, com tanto acesso à mídia como a Igreja
Católica, se calar tanto. Ou então a maioria dos padres é homossexual – e aí
tem de ficar calada mesmo.
Istoé - O deputado federal e homossexual Jean Wyllys
(PSOL-RJ) virou uma grande liderança.
Silas Malafaia - Ele
teve 16 mil votos e só foi eleito deputado porque estava pendurado no Chico
Alencar, que teve 220 mil votos, irmão! Com todo respeito, ele só tem essa voz
toda porque é gay. Se não fosse, seria um zero à esquerda. Acha outro no Congresso
com 16 mil votos que tenha representatividade para falar! Pô, o meu irmão
(Samuel Malafaia) foi eleito deputado estadual com 135 mil votos! Se (Wyllys)
não fosse gay, não estaria com essa banca toda.
Istoé - Usa segurança particular?
Silas Malafaia - Passei
a andar com segurança faz um ano por causa de ameaças. Depois que comecei o
enfrentamento ao ativismo gay, em 2008, passei a receber ameaças de morte. Eu
não ligava, no começo. Uma vez, em um aeroporto, um sujeito quase me agrediu.
E, continuadamente, por e-mail, Twitter, telefone, me ameaçavam. Nunca gostei
de segurança, é horroroso. Mas precisei me precaver. Se vierem, vão encontrar
quatro caras com muita disposição. Não vou tomar tapa de gay em aeroporto e nem
em shopping, irmão, porque vai ficar ruim para mim!
Fonte: Istoé - Via Micheline Gomes
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Pastor Carlos Roberto Silva
Point Rhema