quarta-feira, 2 de maio de 2007

Equilíbrio nos conflitos de liderança

Entre os problemas funcionais que complicam a operacionalidade administrativa na obra de Deus nos dias atuais, estão os conflitos de liderança.

A indiferença e descaso, causados pelas crises dos diferentes é algo fora do comum.

É necessário que entendamos que, a princípio, Deus não nos fez clones uns dos outros, mas somos seres individuais, cada um com sua própria personalidade, estilo ímpar de ser, perfil independente, cada um com seus gostos, maneira de pensar, vontades e preferências distintas.
É necessário encontrarmos o equilíbrio suficiente, que traga consenso e venhamos todos, com a ajuda do Espírito Santo, ter o mesmo parecer.

O grande calcanhar-de-aquiles, ou seja, o ponto fraco e vulnerável de muitos projetos e ministérios, é a dificuldade que se tem em conseguir encontrar esse equilíbrio, no sentido de que as questões relacionais não tomem proporção tamanha, a ponto de colocar em risco grandes empreendimentos de ordem espiritual.

A Igreja de Cristo é indissolúvel, uma vez que o próprio Senhor já a predestinou para a vitória, por ser Ele mesmo o alicerce, e também por antecipação já a condicionou ao sucesso, quando decretou: “Edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mateus 18:18, no entanto, do ponto de vista institucional, grandes brechas são abertas por conta dos conflitos entre as lideranças, através das quais o inimigo tem se aproveitado para retardar e embaraçar, prejudicando assim o bom andamento da obra. O que poderia ser realizado em pouco tempo, não raras vezes é retardado pelas picuinhas humanas e seus malditos reflexos.

Não me atrevo a esgotar tão complexo assunto neste pequeno artigo, mas talvez uma sinopse do que penso poderá cooperar para o início de uma maior reflexão, tanto para líderes como para liderados, gerando assim, compreensão e equilíbrio, o que sem dúvida alguma será benéfico para o ministério individual de cada obreiro e abrirá grandes portas, do ponto de vista coletivo e institucional na obra de Deus.

O pequeno texto de 2 Reis 6:1-7 diz:

Eliseu faz flutuar o ferro de um machado

E disseram os filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face nos é estreito. Vamos, pois, até ao Jordão, e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali. E disse ele: Ide. E disse um: Serve-te de ires com os teus servos. E disse: Eu irei. E foi com eles; e, chegando eles ao Jordão, cortaram madeira. E sucedeu que, derribando um deles uma viga, o ferro caiu na água; e clamou e disse: Ai! Meu senhor! Porque era emprestado. E disse o homem de Deus: Onde caiu? E, mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e o lançou bali, e fez nadar o ferro. E disse: Levanta-o. Então, ele estendeu a sua mão e o tomou”.

Vejamos que se tratava de uma Escola de Profetas.

Os alunos, filhos dos profetas, ainda que novatos, tinham tanta confiança no líder, que não tiveram receio algum em confessar-lhe que estavam atentos às dificuldades geradas pela falta de espaço, como também tinham uma visão futurística do crescimento da escola.
É interesnte notar que havia contato e bom relacionamento entre líder e liderados, sem temores, remorsos ou desconfiança. Elizeu como profeta de Deus não questionou absolutamente nada, isto mostra que visão não é patente de neófitos nem de experientes.
Há neófitos que ainda não tem visão e experientes que já perderam a visão.
Há neófitos que tem visão, mas ainda não possuem a experiência suficiente para executá-la, e experientes que já perderam a visão, mas possuem capacidade suficiente para executá-la.
Por outro lado, os alunos da Escola de Profetas do texto em referência, não agiram como murmuradores inconseqüentes, apenas apontando e criticando o líder por "suposta" falta de visão, e muito menos fizeram a "Política de Absalão", ou seja, vendendo a idéia de que quando assumissem a escola, resolveriam o problema.

Apontaram a dificuldade sim, mas também sugeriram um projeto para a solução.

Detectaram a necessidade, mas não se eximiram de cada um fazer a sua parte, quando disseram: “Vamos, pois, até ao Jordão, e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali”.
O projeto que era auto-responsável, ao mesmo tempo era também auto-sustentável, mas nem por isto o isentava do crivo da Autoridade Espiritual.

A idéia foi deles, mas não ousaram fazer nada por conta própria. Levaram a sugestão e pediram "autorização" ao homem de Deus, ou seja, eles mesmos constataram o problema, tiveram visão, esboçaram o projeto para solução, mas colocaram à apreciação da Autoridade Espiritual. Não se tratava de jovens revoltados e rebeldes que queriam tomar o poder.

Autorização concedida – “Ide”.
O Profeta Elizeu por sua vez como Líder, na condição de Diretor e Professor, não teve ciúmes, não se sentiu ofendido nem inseguro pela visão "aparentemente precipitada" dos seus alunos.
Elizeu era homem de Deus, e estava cônscio disto, sabia exatamente quem era, o que representava e porque estava ali. Tinha convicção divina de que ninguém o tiraria daquela posição, somente Deus. Não precisava “carteirar” para provar que quem mandava ali era ele. Elizeu não tinha a necessidade de se opor ao projeto, só para fazer sobrepujar sua liderança e função , o que sem dúvida alguma geraria uma situação de desconforto, decepção e desconfiança aos seus alunos.

Os alunos tinham tanta convicção da autoridade espiritual de Elizeu, que pediram a ele que fosse junto. O Diretor não precisava trabalhar nem por a mão na massa, mas representava muito para eles. Era o sinal de que não estavam sós, mas sob a autorização, o olhar e a benção do homem de Deus.
-“Eu Irei”, disse Elizeu.
Moisés na velhice também não pegava mais na espada, no entanto ia à guerra, e do alto do monte com as mãos pesadas já sustentadas por Arão e Ur, era tudo que Josué precisava para vencer a batalha com os soldados de Israel.
Nos dois casos vemos os liderados respeitando o Líder, e Deus honrando tanto o líder quanto os liderados pelo equilíbrio apresentado por ambas às partes.

Talvez se Elizeu fosse um líder inseguro, até barrasse o projeto, ou mesmo se não o fizesse, não teria a humildade suficiente para acompanhar os rapazes, ficando apenas torcendo para que algo desse errado, o que por certo justificaria sua experiência, sua posição de líder e a precipitação dos alunos, e por aí vai.

O incidente do machado emprestado que caiu na água, deixa muito claro que o neófito pode errar sim, e isto faz parte da vida, justamente pela falta de experiência. Ninguém nasceu sabendo. Se hoje andamos normalmente, começamos engatinhando e depois levando muitos tombos até andarmos de pé e eretos. Foi necessário que alguém pegasse em nossa mão e nos ensinasse,
Naquele tempo um machado de ferro era algo muito caro, o rapaz nunca deveria fazer um trabalho de risco com uma ferramenta emprestada, mas o desejo de ajudar era tanto, que não resistiu à tentação de emprestar a ferramenta para entrar no mutirão, no entanto, quando o pior aconteceu, a primeira coisa que fez foi gritar pelo homem de Deus: “Ai meu Senhor, porque era emprestado

Imaginem se Elizeu não tivesse acompanhado o grupo?

Agora sim. Chegou o momento do líder justificar sua posição, comunhão e intimidade com Deus.
Não brigou, não lançou nada em rosto, somente perguntou: Onde caiu?
Era chegada a hora do sobrenatural, do extraordinário de Deus. Era algo para alguém experiente. Era a hora de Elizeu!
Todos cumpriram com a sua parte.
Deixaram-nos um legado exemplar da somatória de: visão, projeto, responsabilidade social, força, humildade e experiência.
Não houve conflito de gerações nem de lideranças, e ainda deixaram provado que é possível liderados com visão ampla, avançada e ao mesmo tempo submissos, assim como é possível líderes seguros de sua posição, que não imperram o trabalho e humildemente agem na hora certa de acordo a AUTORIDADE ESPIRITUAL lhes concedida por Deus.
No caso em tela houve consenso, ninguém se feriu e todos se salvaram.

SOLI DEO GLÓRIA!

3 comentários:

  1. Excelente!

    Lembro-me de quando oficiei o primeiro batismo!Havia uma senhora, no grupo de novos crentes, que tinha sérios problemas com água fria. O que fazer? Eu não tinha nenhuma experiência! Olhei~para o meu pai, pastor da velha guarda, que estava por perto, e lhe pedi socorro! Ele então orientou-me a fazer com que a irmã entrasse na água e deixasse-a ali até que ela se acostumasse, enquanto eu batizava os demais. Assim o fiz e não houve nenhum problema. Quando a nova convertida sentiu-se segura, em virtude de a temeperatura fria da água não mais lhe incomodar, pude então batizá-la.

    Moral da história: os mais novos têm boas idéias e os mais experientes prcisam saber aproveitá-las. Todavia, os mais novos "sempre' vão depender da "autoridade" dos mais experientes e de seu precioso "socorro" quando faltar o "chão".

    Aprendamos isso. Que Deus lhe abençoe, caro pastor e amigo.

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  2. Parabéns pelos artigos, estávamos precisando disso na INTERNET, de pessoas com coragem para falar o que precisamos ouvir e não o que queremos ouvir. Que Deus continue abençoando o seu Ministério!

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  3. Dc. Luís Antonio Leite-Muito bom. Confesso que as vezes me falta visão, esse exemplo me ajudará muito. Deus o abençoe

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Pastor Carlos Roberto Silva
Point Rhema

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