terça-feira, 1 de agosto de 2023

Aluna denuncia intolerância religiosa de professor, que teria a proibido de levar Bíblia para a aula





Estudante de colégio da Zona Sul do Rio acha que foi repreendida por ser a única negra de sua turma no dia do fato; Secretaria estadual de Educação abriu sindicância para apurar o ocorrido e informa que o docente será afastado




Uma aluna do Colégio Estadual Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado, Zona Sul do Rio, relata ter sido proibida de ler a bíblia por um professor de geografia da unidade, no início desta semana.

De acordo com os estudantes, o docente havia liberado que os alunos ficassem livres ao fim de uma atividade e teria até tirado fotos com outras adolescentes, sem repreendê-las. Revoltada, a mãe da estudante conta ter procurado a escola, e ter ouvido de uma professora que a atitude do colega "foi nada demais".

A Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) informa que abriu sindicância para apurar o fato e que o professor será afastado; já a mãe da adolescente será convidada para uma nova reunião na unidade. O caso foi registrado na 9ª DP (Catete) como intolerância religiosa.

A auxiliar de serviços gerais, de 41 anos, conta que soube do ocorrido por um grupo de WhatsApp, em que estão os colegas de sua filha, de 15 anos. Segundo a mãe da estudante, os próprios colegas de classe ficaram envergonhados pelo que aconteceu e, ao perguntar o nome da vítima, descobriu que era a sua filha.

Fui na escola para ouvir a direção. Fui atendida por uma professora, que pediu desculpas, mas disse que não foi nada demais, que isso deve ter sido sem querer. Ainda falei: "Preciso conversar com o professor, para saber o porquê" — lembra a responsável, que recebeu uma resposta negativa quanto ao pedido de contato com o professor.

Ele estava tirando selfie com outras alunas, por que constrangeu minha filha de levar a bíblia para a escola? Minha filha acha que isso foi pela cor dela — completa a mãe da estudante, que diz que a filha era a única negra em sala naquele dia. — As outras meninas são claras e ele não chamou a atenção, e minha filha, por ser negra e só estar lendo a bíblia, foi humilhada pelo professor.

No registro de ocorrência, foi sinalizado que o docente teria dito: "Se quer ler a bíblia, vá à igreja, e não à escola", fala acompanhada da proibição de levar o objeto para a unidade escolar.

De acordo com a auxiliar de serviços gerais, a filha chegou em casa chateada e disse que não quer mais frequentar as aulas com esse professor, que leciona para a turma do Colégio Amaro Cavalcanti às segundas-feiras.

A aluna é considerada comportada e, nos horários livres, como na ida para a escola de ônibus, aproveita para ler a bíblia, já que é evangélica.

Moradora da Zona Norte do Rio, a adolescente se desloca até a Zona Sul diariamente, pois foi onde sua mãe conseguiu vaga para matriculá-la, no início do ano. Sonhando em se tornar advogada ao fim do Ensino Médio, a menina vê na mãe, com essa situação, o desejo de Justiça.

Quero que ele seja afastado da escola, já que, assim como minha filha, muitos alunos não querem mais ter aula com ele. Os alunos falam que não é a primeira vez que acontece, que ele chama os meninos até de burro. É repugnante e revoltante, já que isso vem de alguém que está ali para dar o exemplo — desabafa a mãe da menina.

Caso registrado na delegacia

A situação ocorreu na última segunda-feira, depois de uma atividade ter terminado e os alunos terem sido liberados para "cada um fazer o que queria", conforme explica uma estudante da mesma turma.

Tinha uns alunos conversando, outras mexendo no telefone, que é uma coisa errada, e ele pegou e proibiu ela de levar a bíblia? A gente não acreditou no que ele falou e ela (estudante) disse que ia ficar calada, para não dar mais problema — relata uma colega.

Apoiada pelos estudantes da unidade, a promessa, antes da informação que o docente seria afastado, era de que os demais alunos também estariam com a bíblia em mãos:

O que ele fez com ela, vai ter que fazer com todo mundo.

O caso foi registrado na 9ª DP (Catete), como "preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional", com intolerância religiosa apontada como o motivo presumido.

No registro de ocorrência, é citado que o esse "não foi um fato isolado", já que o professor sempre cria "polêmicas com outros estudantes", segundo os colegas de turma.

Em nota, a Secretaria de Educação informa que "a responsável pela estudante foi recebida e ouvida pela direção da escola" na última quarta-feira, mas convidada para uma nova reunião.

"A Seeduc reitera seu compromisso no combate ao preconceito e a discriminação em suas 1.232 unidades, assim como o bom relacionamento entre servidores e alunos."

A pasta observa que o professor tem autonomia para permitir ou não o uso de smartphones durante as aulas, mas salienta que "o horário de aula é destinado exclusivamente ao programa da aula, com foco no processo de aprendizagem do aluno", objetivo que "pode ser comprometido com uso inadequado de celulares para outros meios ou mesmo com a leitura de conteúdos alheios ao programa pedagógico das aulas"..


Fonte: O GLOBO



MEU COMENTÁRIO:

A intolerância religiosa está clara e manifesta de todas as formas. Não é novidade, pois já era de se esperar tais atitudes, afinal de contas é o fim dos tempos, o que Paulo chama de "Tempos trabalhosos", no entanto, é preciso resistência o quanto sem puder, uma vez que não somos minoria. A lei ainda existe neste país, em que pese seu cumprimento esteja em total insegurança e conveniência. É preciso lutar e exigir o direito do cidadão.

A mãe da aluna fez muito bem em denunciar o fato à direção da escola, bem como registrar a ocorrência na Delegacia de Polícia, para que as autoridades competentes tomem as devidas providências.

Oremos e pratiquemos a resistência!

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Pastor Carlos Roberto Silva
Point Rhema

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